sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Aula dia 21/10/2011

O uso do computador para criação de desenhos animados e filmes.
A vez do stop motion

Filme inglês consagra técnica que une uso de bonecos e efeitos digitais

Cláudio Fragata Lopes


A Fuga das Galinhas Bonecos maleáveis, filmados quadro a quadro, permitem que os personagens se movimentem em três dimensões
O filme A Fuga das Galinhas, dos diretores ingleses Nick Park e Peter Lord, que estréia em dezembro no Brasil, é mais do que um sucesso mundial de bilheteria. Ele confirma que o emprego da animação em stop motion pode ser uma nova alternativa para os longas metragens do gênero.

A técnica em si não é novidade. O próprio Nick Park recebeu dois Oscar por seus curtas em stop motion da série Wallace & Gromit. Tampouco A Fuga das Galinhas é o primeiro longa animado dessa forma. Tim Burton realizou proeza igual com O Estranho Mundo de Jack, em 1993. O maior mérito da dupla inglesa e sua equipe da Aardman Studios of Bristol foi insistir numa técnica quase artesanal, numa época em que os grandes estúdios, como a Walt Disney Pictures e a DreamWorks, de Steven Spielberg, apostam tudo na animação digital e em softwares 3D, que agilizam e dão mais qualidade aos desenhos.

Dois momentos Disney Tarzan, com o auxílio de computação 3D, e o pioneiro Branca de Neve, desenhado à mão
O stop motion é uma animação tão trabalhosa quanto a tradicional ou a digital. Ela utiliza sets em miniatura, onde bonecos de plástico maleável são modelados em 24 posições diferentes para cada segundo de filme. As cenas são filmadas quadro a quadro, depois editadas e sonorizadas. "Nessa fase, o computador pode ser útil para criar efeitos especiais de chuva, sombra, fogo ou fumaça", explica o animador César Cavelagna, do setor de animação e computação gráfica da TV Cultura, de São Paulo. Em A Fuga das Galinhas, usou-se o Commotion 3.0, software que cria efeitos digitais em imagens em movimento.

Apesar da aceitação do stop motion, a maioria dos filmes animados ainda é feita de maneira tradicional, ou seja, desenhada quadro a quadro no papel, nos mesmos moldes do pioneiro Branca de Neve e os Sete Anões, de Walt Disney, filmado em 1937, o primeiro desenho animado em longa metragem da história do cinema.

Só no lápis
Com uma significativa diferença: Disney não teve a ajuda de computadores. Para fazer os 2 milhões de desenhos do filme, sua equipe gastou 800 quilômetros de papel. Para cada segundo de película, criaram 24 desenhos, com pequenas diferenças entre um e outro, que fotografados em seqüência simulam movimento.

"Hoje, 90% da animação tradicional é feita no computador", afirma Alceu Baptistão, diretor de efeitos especiais da Vetor Zero. Os desenhos a lápis agora são escaneados e toda colorização é digitalizada. Na maioria das vezes, há uma integração entre a animação tradicional e computação 3D. Assim foram feitos Tarzan, Fantasia 2000 e Hércules, dos estúdios Disney, e A Caminho de El Dorado e O Príncipe do Egito, da DreamWorks. "O que sobrou da animação tradicional foi o desenho no papel", afirma Baptistão.

A terceira técnica mais usada nos desenhos animados atuais é a computação gráfica. Toy Story, de 1995, foi o marco dessa nova era. Totalmente animado por computador pela Walt Disney Pictures e a Pixar Animation Studios, o desenho foi um mergulho definitivo na animação digital. Desde A Bela e a Fera, em 1991, a computação gráfica era usada apenas em combinação com a animação tradicional. Sucesso de público e de crítica, Toy Story abriu espaço para outras produções realizadas com tecnologia idêntica, como Formiguinhaz, Vida de Inseto e, claro, Toy Story 2. O filme Cassiopéia, do brasileiro Clóvis Vieira, por pouco não foi a primeira animação totalmente virtual do mundo. Embora concebido antes de Toy Story, só foi terminado em 1996.


Seqüência famosa Irritado com o beijo de Branca de Neve em seu rosto, Zangado se afasta, enquanto sua expressão passa da raiva ao contentamento
Ao contrário da animação tradicional, na qual milhares de desenhos precisam ser feitos, o software 3D usado na animação computadorizada permite que se façam alterações sobre a mesma imagem desenhada. "O computador abre muitas possibilidades", diz Baptistão. A Disney provou isso recentemente misturando imagens reais (live action) com efeitos digitais em Dinossauro.

"Seja qual for a técnica empregada, o computador é indispensável na animação moderna", lembra Cavelagna. "Ele proporciona mais velocidade na produção de filmes, além de reduzir o número de profissionais envolvidos."



Tradição Mauricio de Sousa prefere a animação clássica para a Turma da Mônica
Clássico
Mauricio de Sousa, que já produziu seis longas metragens animados da Turma da Mônica, além de vários curtas e vinhetas de um minuto para a TV Globo, concorda com Cavelagna. Ele prefere utilizar a animação clássica em seus filmes, mas não dispensa o uso do computador. "O custo é o mesmo, mas ganhamos em tempo", diz. O desenhista não pretende empregar a computação gráfica para movimentar a Turma da Mônica, pois acredita que seus personagens perderiam a "naturalidade". Mas planeja experimentá-la brevemente em Horácio e seus amigos pré-históricos.


A s técnicas mais usadas
 

Como é Filmes
Tradicional Os desenhos são feitos em acetato e filmados quadro a quadro Branca de Neve e os Sete Anões (1937) foi o primeiro longa metragem animado
Computação gráfica O desenho é modificado com o software 3D de acordo com a cena Toy Story (1995), da Walt Disney Pictures e da Pixar Animation Studios, foi totalmente feito por computador
Stop motion Bonecos maleáveis são filmados em diferentes posições O Estranho Mundo de Jack (1993), de Tim Burton, é um marco do stop motion em longa metragem

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