O uso do computador para criação de desenhos animados e filmes.
A vez do stop motion Filme inglês consagra técnica que une uso de bonecos e efeitos digitais
Cláudio Fragata Lopes
A Fuga das Galinhas Bonecos maleáveis, filmados quadro a quadro, permitem que os personagens se movimentem em três dimensões |
A técnica em si não é novidade. O próprio Nick Park recebeu dois Oscar por seus curtas em stop motion da série Wallace & Gromit. Tampouco A Fuga das Galinhas é o primeiro longa animado dessa forma. Tim Burton realizou proeza igual com O Estranho Mundo de Jack, em 1993. O maior mérito da dupla inglesa e sua equipe da Aardman Studios of Bristol foi insistir numa técnica quase artesanal, numa época em que os grandes estúdios, como a Walt Disney Pictures e a DreamWorks, de Steven Spielberg, apostam tudo na animação digital e em softwares 3D, que agilizam e dão mais qualidade aos desenhos.
Dois momentos Disney Tarzan, com o auxílio de computação 3D, e o pioneiro Branca de Neve, desenhado à mão |
Apesar da aceitação do stop motion, a maioria dos filmes animados ainda é feita de maneira tradicional, ou seja, desenhada quadro a quadro no papel, nos mesmos moldes do pioneiro Branca de Neve e os Sete Anões, de Walt Disney, filmado em 1937, o primeiro desenho animado em longa metragem da história do cinema.
Só no lápis
Com uma significativa diferença: Disney não teve a ajuda de computadores. Para fazer os 2 milhões de desenhos do filme, sua equipe gastou 800 quilômetros de papel. Para cada segundo de película, criaram 24 desenhos, com pequenas diferenças entre um e outro, que fotografados em seqüência simulam movimento.
"Hoje, 90% da animação tradicional é feita no computador", afirma Alceu Baptistão, diretor de efeitos especiais da Vetor Zero. Os desenhos a lápis agora são escaneados e toda colorização é digitalizada. Na maioria das vezes, há uma integração entre a animação tradicional e computação 3D. Assim foram feitos Tarzan, Fantasia 2000 e Hércules, dos estúdios Disney, e A Caminho de El Dorado e O Príncipe do Egito, da DreamWorks. "O que sobrou da animação tradicional foi o desenho no papel", afirma Baptistão.
A terceira técnica mais usada nos desenhos animados atuais é a computação gráfica. Toy Story, de 1995, foi o marco dessa nova era. Totalmente animado por computador pela Walt Disney Pictures e a Pixar Animation Studios, o desenho foi um mergulho definitivo na animação digital. Desde A Bela e a Fera, em 1991, a computação gráfica era usada apenas em combinação com a animação tradicional. Sucesso de público e de crítica, Toy Story abriu espaço para outras produções realizadas com tecnologia idêntica, como Formiguinhaz, Vida de Inseto e, claro, Toy Story 2. O filme Cassiopéia, do brasileiro Clóvis Vieira, por pouco não foi a primeira animação totalmente virtual do mundo. Embora concebido antes de Toy Story, só foi terminado em 1996.
Seqüência famosa Irritado com o beijo de Branca de Neve em seu rosto, Zangado se afasta, enquanto sua expressão passa da raiva ao contentamento |
"Seja qual for a técnica empregada, o computador é indispensável na animação moderna", lembra Cavelagna. "Ele proporciona mais velocidade na produção de filmes, além de reduzir o número de profissionais envolvidos."
Tradição Mauricio de Sousa prefere a animação clássica para a Turma da Mônica |
Mauricio de Sousa, que já produziu seis longas metragens animados da Turma da Mônica, além de vários curtas e vinhetas de um minuto para a TV Globo, concorda com Cavelagna. Ele prefere utilizar a animação clássica em seus filmes, mas não dispensa o uso do computador. "O custo é o mesmo, mas ganhamos em tempo", diz. O desenhista não pretende empregar a computação gráfica para movimentar a Turma da Mônica, pois acredita que seus personagens perderiam a "naturalidade". Mas planeja experimentá-la brevemente em Horácio e seus amigos pré-históricos.
A | s técnicas mais usadas |
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